Deixar Coisas a Meio

É tão bom deixar as coisas as meio. Deixar meios romances por ler, a ficar por saber o destino dos personagens. Fechar os talheres num prato meio cheio, para sempre incerto dos sabores por provar. Ou fugir a sete pés de um excelente date, convencido que era a pessoa da nossa vida. Uma coisa por acabar é uma aventura por cumprir. A conclusão é sobrevalorizada. Para quê seguir para o terceiro ato, quando podemos empancar no segundo?

Eu regojizo-me na indefinição. Já não posso com as coisas finitas. Acabam-se os dias, e acabam-se as férias. Eu quero é o infinito. Queremos todos. Por isso é que miúdos amávamos a casa inacabada -- de casas acabadas já estamos nós fartos. Nós queremos é construir. Para sempre. Queremos o infinito.

E o pior, é que acaba-se também a vida. Um dia e fim. A vida é finita, mas não o que nós fazemos com ela. O que fazemos fica para sempre. Um dia um senhor queria mamar e disse ‘ma’. E criou a palavra mãe. E o que ele fez ficou para sempre. E ninguém se lembra dele, e ninguem sabe quem ele é. Mas se não fosse ele, não havia linguagem. E entrentanto usam-na em bestsellers para te ensinar a não querer saber. que nada importa. e que o mundo era igual sem ti. mas um mundo sem ti, nem se quer existe. mas vai existir, e não ficas tu, mas fica tudo o que tu fizeste. sem tirar, nem por. o bom e o mau. Tipo cadastro. Por muito que nós queiramos que não - para podemos fazer o que nos apetece, sem nos sentir mal - As nossas ações, por mais mundanas e insiginifcantes que pareçam, têm consequências eternas.

Todos temos uma só janela (uns maiores, outros mais pequena). E temos um só take. E o que ficar, ficou. Não há redubs, nem correções. Deixem-se os pães, e os dates, a meio, mas nunca a vida. A vida jamais se deixa a meio porque

Escrito em 11 de Fevereiro 2025